Nossas vidas, quer o saibamos ou não e quer o saudemos ou lamentamos, são obras de arte. Para viver como exige a arte da vida, devemos, tal como qualquer outro tipo de artista, estabelecer desafios que são (pelo menos no momento em que estabelecidos) difíceis de confrontar diretamente; devemos escolher alvos que estão (ao menos no momento da escolha) muito além de nosso alcance, e padrões de excelência que, de modo perturbador, parecem permanecer teimosamente muito acima de nossa capacidade (pelo menos a já atingida) de harmonizar com o que quer que estejamos ou possamos estar fazendo. Precisamos tentar o impossível. E, sem o apoio de um prognóstico favorável fidedigno (que dirá certeza), só podemos esperar que, com longo e penoso esforço, sejamos capazes de algum dia alcançar esses padrões e atingir esses alvos, e assim mostrar que estamos à altura do desafio. -- Zygmunt Bauman, A Arte da Vida.
"Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma idéia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te." Machado de Assis
29 novembro, 2011
Nossa Vida Nossa Arte
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3 comentários:
PERFEITO.
Mas aí, estabelecer objetivos mais difíceis não é uma forma de adiar o tédio que haveria depois de alcançar objetivos fáceis? E por outro lado, caso não alcançados os objetivos, a frustração não seria maior? Quanto mais alto se voa, maior é a a queda, como dizem por aí... Ou, quando se fixa o olhar no fim do caminho, mais chances de ficar perdido por não prestar atenção no caminho. Enfim...
O que Bauman diz sobre? =)
Abraço
Outro dia estava lendo um material sobre Teoria da Decisão (que é aplicada em negócios), e, numa parte específica dizia-se o seguinte: "Quem arrisca pouco, pouco lucra". Penso que a ideia seja essa Ricardo. A ideia do Bauman é estimular a coragem frente a incerteza da vida. Não só coragem, mas também audácia, afinal a vida é uma só. Quanto a forma de lidar com o fracasso, penso que quando se fracassa em um grande empreendimento se tem por consolo o pensamento de que você saiu da zona de conforto, do conformismo, da mesmice. Também pode haver o consolo de que, apesar de a meta não ser alcançada, grandes conquistas foram feitas. Talvez seja por aí ...
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