"Por que apertamos incessantemente o botão do elevador quando estamos com pressa? Por que algumas pessoas apostam cada vez mais quando estão perdendo? Será que todos os internados em instituições psiquiátricas são realmente loucos? Por que ninguém toma uma atitude para ajudar aquela pessoa que está sendo assaltada em plena luz do dia? E como pode um homem fazer a outro o que se fez durante o holocausto?"
As perguntas da contracapa de Mente e Cérebro: dez experiências impressionantes sobre o comportamento humano me instigaram a curiosidade. A autora, a psicóloga Lauren Slater (Stanford University), floreia bastante o texto, o que às vezes me causa agonia porque nem sempre fazem sentido as expressões que ela usa. Mas claro, pode ser culpa do tradutor ou mesmo um problema de sensibilidade de minha parte. Mas as experiências são muito interessantes.
Vou fazer um resumo de uma dessas experiências, que me fez refletir bastante.
Porque o Facebook Vicia - B. Skinner. As experiências de Skinner mostram ( indicam, se você preferir) o poder do reforço positivo e negativo, sobre o comportamento de ratos, que extrapolam para humanos. Outro pesquisador, Ivan Pavlov, havia mostrado que se podia condicionar as glândulas salivares de um cão a vazar ao som de uma campainha. No início, quando a campainha tocava os cães recebiam comida, e só com o cheiro já salivavam. Assim, depois de certo tempo, bastava tocar a campainha e todos já estavam salivando. Veja bem, primeiro o estímulo campainha e depois a ação babar. Skinner deu mais um passo, mostrou ser possível condicionar o comportamento antes do estímulo. Por exemplo, podia-se condicionar ratos para que recebessem alimento após o pressionar de uma alavanca. Primeiro a ação pressionar alavanca, depois o estímulo comida. Quanto tempo leva para cessar um comportamento condicionado após a suspensão do estímulo? Isso depende do estímulo, se ele é regular ou irregular. E, o que é mais impressionante, Skinner descobriu que:
`"um comportamento irregularmente recompensado é o mais difícil de ser erradicado."
Isso possivelmente responde a primeira e segunda pergunta da contracapa do livro. Ora o elevador vêm de imediato ao apertamos o botão, ora não. Ora ganhamos em jogos, ora não. Em geral tudo bem aleatório. Penso que o raciocínio se aplique ao Facebook e o Twitter também. Ora curtem nossas 'ligações' e 'estados', ora não. Ora retuitam suas postagens no microblog, ora não. Essas coisas mexem com nosso ego. Quem não gosta de ver seu post ser bastante comentado e elogiado? Eis o grande reforço positivo. É muito curioso que a autora use a constatação de Skinner para explicar porque as mulheres 'amam demais' aqueles homens que ora são legais, ora não estão nem aí. Minha intuição me diz que ela está correta em sua extrapolação.
É importante salientar que de acordo com as experiências de Skinner o reforço positivo é mais eficiente que o reforço negativo no condicionamento. Conclusão que tem fortes implicações na educação.
Skinner queria usar os resultados de sua pesquisa para digamos, condicionar para melhor a população. Certamente outras pessoas de poder - e de caráter duvidoso - encontraram outras aplicações.
Lição: Aprenda a usar isso a seu favor para combater melhor seus maus hábitos.
3 comentários:
Esquemas de reforçamento intermitente são especialmente eficientes na formação do que se entende por "perseverança" ou "teimosia". Ótimo post!
Segundo o ideal clássico (expresso, por exemplo, em Sêneca) para as virtudes não existe recompensa maior que as próprias virtudes. Assim, esvai-se por completo a ideia de recompensas que aparecem no estudo acima. Isso se não fossem poucos aqueles que se enquadram neste ideal clássico...
Muito bom o post!!! O desafio é conseguir ter disciplina e vencer este vício...
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