29 novembro, 2011

Nossa Vida Nossa Arte



Nossas vidas, quer o saibamos ou não e quer o saudemos ou lamentamos, são obras de arte. Para viver como exige a arte da vida, devemos, tal como qualquer outro tipo de artista, estabelecer desafios que são (pelo menos no momento em que estabelecidos) difíceis de confrontar diretamente; devemos escolher alvos que estão (ao menos no momento da escolha) muito além de nosso alcance, e padrões de excelência que, de modo perturbador, parecem permanecer teimosamente muito acima de nossa capacidade (pelo menos a já atingida) de harmonizar com o que quer que estejamos ou possamos estar fazendo. Precisamos tentar o impossível. E, sem o apoio de um prognóstico favorável fidedigno (que dirá certeza), só podemos esperar que, com longo e penoso esforço, sejamos capazes de algum dia alcançar esses padrões e atingir esses alvos, e assim mostrar que estamos à altura do desafio. -- Zygmunt Bauman, A Arte da Vida.

13 novembro, 2011

Pura Modelagem Matemática

O movimento dos peixes abaixo é fruto de pura modelagem matemática. Parece bastante realista não? Particularmente fico impressionado pelo fato de uma dinâmica aparentemente tão aleatória poder ser modelada e reproduzida por equações matemáticas. E mais, essa dinâmica complexa é explicada por regras simples aplicadas a cada indivíduo. Não, não é necessário uma regra central para o grupo inteiro, regras aplicadas apenas as partes individuais explicam o fenômeno. Lindo, não? Na teoria de sistemas complexos o fenômeno é chamado de emergência [o texto em inglês é mais completo].

Vou deixar você se divertindo com os peixinhos. Caso queira ler mais sobre como modelar sistemas como esses, incluindo: vôo de morcergos, aves, movimento de formigas, abelhas, e mesmo do tráfego de automóveis, clique aqui.


Clique para alimentar os peixes:



11 novembro, 2011

O Evangelho na Matrix



O Programador diz:

-- Todo programa que sacanear será deletado.

Os programas sacaneiam. O Programador vira programa sem passar pela compilação. No mundo virtual sofre o processo de exclusão para que todo programa que acredita nele não seja deletado, mas tenha a licença eterna.

09 setembro, 2011

Para Ler Antes da Velhice


Mustafá Mond parou, pousou sobre a mesa o primeiro livro e, tomando o outro, virou-lhe as páginas.

-- Veja isto, por exemplo -- disse, e com voz profunda começou a ler novamente:

-- "Um homem envelhece; percebe em si mesmo aquela sensação radical de fraqueza, de atonia, de mal-estar que acompanha o avançar da idade; e, sentindo-se assim, julga estar apenas doente , aquieta seus temores com a ideia de que esse estado penoso é devido a alguma causa particular, da qual espera curar-se como de uma moléstia. Vãs Imaginações! A moléstia é a velhice; e trata-se de uma doença horrível. Dizem que é o medo da morte, e do que vem depois da morte, que leva os homens a se voltarem para a religião à medida que os anos se acumulam. Todavia, a experiência pessoal me trouxe a convicção de que , completamente à parte de tais temores e imaginações, o sentimento religioso tende a desenvolver-se quando envelhecemos; tende a desenvolver-se porque, à medida que as paixões se acalmam, que fantasia e a sensibilidade vão sendo menos excitadas e menos excitáveis, a razão é menos perturbada em seu exercício, menos obscurecida pelas imagens, desejos e distrações que a absorviam; então, Deus emerge como se tivesse saído de trás de uma nuvem; nossa alma vê, sente a fonte de toda luz, volta-se natural e inevitavelmente para ela; porque, tendo começado a esvair-se de dentro de nós tudo aquilo que dava ao mundo das sensações sua vida e seu encanto, não sendo mais a existência material sustentada por impressões externas e internas, sentimos a necessidade de nos apoiarmos em algo que permaneça, que nunca nos traia -- uma realidade, uma verdade, absoluta e eterna. Sim, voltamo-nos inevitavelmente pra Deus; pois esse sentimento religioso tão puro, tão delicioso para a alma que o experimenta, que compensa todas as nossas outras perdas".

Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo.

31 março, 2011

Por que o Facebook Vicia?



"Por que apertamos incessantemente o botão do elevador quando estamos com pressa? Por que algumas pessoas apostam cada vez mais quando estão perdendo? Será que todos os internados em instituições psiquiátricas são realmente loucos? Por que ninguém toma uma atitude para ajudar aquela pessoa que está sendo assaltada em plena luz do dia? E como pode um homem fazer a outro o que se fez durante o holocausto?"

As perguntas da contracapa de Mente e Cérebro: dez experiências impressionantes sobre o comportamento humano me instigaram a curiosidade. A autora, a psicóloga Lauren Slater (Stanford University), floreia bastante o texto, o que às vezes me causa agonia porque nem sempre fazem sentido as expressões que ela usa. Mas claro, pode ser culpa do tradutor ou mesmo um problema de sensibilidade de minha parte. Mas as experiências são muito interessantes.

Vou fazer um resumo de uma dessas experiências, que me fez refletir bastante.

Porque o Facebook Vicia - B. Skinner. As experiências de Skinner mostram ( indicam, se você preferir) o poder do reforço positivo e negativo, sobre o comportamento de ratos, que extrapolam para humanos. Outro pesquisador, Ivan Pavlov, havia mostrado que se podia condicionar as glândulas salivares de um cão a vazar ao som de uma campainha. No início, quando a campainha tocava os cães recebiam comida, e só com o cheiro já salivavam. Assim, depois de certo tempo, bastava tocar a campainha e todos já estavam salivando. Veja bem, primeiro o estímulo campainha e depois a ação babar. Skinner deu mais um passo, mostrou ser possível condicionar o comportamento antes do estímulo. Por exemplo, podia-se condicionar ratos para que recebessem alimento após o pressionar de uma alavanca. Primeiro a ação pressionar alavanca, depois o estímulo comida. Quanto tempo leva para cessar um comportamento condicionado após a suspensão do estímulo? Isso depende do estímulo, se ele é regular ou irregular. E, o que é mais impressionante, Skinner descobriu que:



`"um comportamento irregularmente recompensado é o mais difícil de ser erradicado."


Isso possivelmente responde a primeira e segunda pergunta da contracapa do livro. Ora o elevador vêm de imediato ao apertamos o botão, ora não. Ora ganhamos em jogos, ora não. Em geral tudo bem aleatório. Penso que o raciocínio se aplique ao Facebook e o Twitter também. Ora curtem nossas 'ligações' e 'estados', ora não. Ora retuitam suas postagens no microblog, ora não. Essas coisas mexem com nosso ego. Quem não gosta de ver seu post ser bastante comentado e elogiado? Eis o grande reforço positivo. É muito curioso que a autora use a constatação de Skinner para explicar porque as mulheres 'amam demais' aqueles homens que ora são legais, ora não estão nem aí. Minha intuição me diz que ela está correta em sua extrapolação.

É importante salientar que de acordo com as experiências de Skinner o reforço positivo é mais eficiente que o reforço negativo no condicionamento. Conclusão que tem fortes implicações na educação.

Skinner queria usar os resultados de sua pesquisa para digamos, condicionar para melhor a população. Certamente outras pessoas de poder - e de caráter duvidoso - encontraram outras aplicações.

Lição: Aprenda a usar isso a seu favor para combater melhor seus maus hábitos.