"A perfeita felicidade dos homens sobre a terra (se ela um dia acontecer) não será uma coisa plana e sólida, como a satisfação dos animais. Será um equilíbrio exato e perigoso; como o equilíbrio de um romance desesperado. O homem precisa ter a medida exata e suficiente de fé em si mesmo para ter aventuras; e ter a medida exata e suficiente de dúvida de de si mesmo para desfrutá-las." G. Chesterton, Ortodoxia, pg.188.
"Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma idéia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te." Machado de Assis
29 agosto, 2009
Perfeita Felicidade
27 agosto, 2009
Sobre a Franqueza
Certo dia eu estava preocupado com meu excesso de franqueza. Comecei então a imaginar se por sete dias todos os pensamentos de todas as pessoas fossem audíveis como a voz. O que você acha que ocorreria? Que precauções você tomaria ao sair pela rua, ao tomar um ônibus cheio ou durante uma conversa com conhecidos? Sinceramente, acho que tamanha seria a confusão que faria com que todos quisessem ficar em casa durante esses sete dias, exceto, talvez, os psicólogos e os ladrões de senhas bancárias. (Você acha que em um desses dias o Sarney daria alguma entrevista? Acho que nem pra falar de futebol...)
Os evangelhos dizem que Jesus conhecia os pensamentos das pessoas, nesse sentido talvez fosse assustador ficar perto dele. Não dava pra ser fingido, não dava pra mentir, ele saberia. A coisa era mais complexa. Jesus tinha o costume de revelar abertamente os pensamentos do seus interlocutores durante a conversa. É bem interessante olhar essas cenas. A multidão pergunta "Mestre, quando chegaste aqui?" (do outro lado do mar), a resposta de Jesus? Leia: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais milagrosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos." (João 6:25 e 26, NVI) Acho que Jesus sabia o suficiente de natureza humana para prever a reação às suas palavras, mas ele falou mesmo assim. Fico me perguntando até onde isso é aplicável a mim considerando aquela máxima cristã de "o que Jesus faria em meu lugar?". Tenho medo de minhas conclusões.
Os evangelhos dizem que Jesus conhecia os pensamentos das pessoas, nesse sentido talvez fosse assustador ficar perto dele. Não dava pra ser fingido, não dava pra mentir, ele saberia. A coisa era mais complexa. Jesus tinha o costume de revelar abertamente os pensamentos do seus interlocutores durante a conversa. É bem interessante olhar essas cenas. A multidão pergunta "Mestre, quando chegaste aqui?" (do outro lado do mar), a resposta de Jesus? Leia: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais milagrosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos." (João 6:25 e 26, NVI) Acho que Jesus sabia o suficiente de natureza humana para prever a reação às suas palavras, mas ele falou mesmo assim. Fico me perguntando até onde isso é aplicável a mim considerando aquela máxima cristã de "o que Jesus faria em meu lugar?". Tenho medo de minhas conclusões.
24 agosto, 2009
Idéia Hiper-ativa
"Com efeito,um dia de amanhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma idéia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te." Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap II.
Ainda leio o Machado ...
Ainda leio o Machado ...
21 agosto, 2009
"Padrão Assombroso"
"Enquanto minha classe em Chicago lia os evangelhos e assistia a filmes sobre a vida de Jesus, notamos um padrão assombroso: quanto mais sem sabor as personagens, mais à vontade pareciam sentir-se ao redor de Jesus. Pessoas como essas achavam Jesus atraente: um pária social samaritano, um oficial militar do tirano Herodes, um cobrador de impostos traidor, uma recente hospedeira de sete demônios.
Em contrapartida, Jesus recebia uma reação gelada de tipos mais respeitáveis. Os piedosos fariseus achavam-no desajeitado e mundano, um rico e jovem advogado afastou-se sacudindo a cabeça e até mesmo o esclarecido Nicodemos procurou um encontro sob a cobertura das trevas.
Frisei para a classe como esse padrão parecia estranho, uma vez que a igreja agora atrai tipos respeitáveis que se pareciam muito com as pessoas que mais suspeitavam de Jesus na terra. O que teria acontecido para inverter o padrão existente no tempo de Jesus? Por que os pecadores não gostam de ficar ao nosso redor?" Philip Yancey, O Jesus Que eu Nunca Conheci, ed. Vida, pg.159.
Em contrapartida, Jesus recebia uma reação gelada de tipos mais respeitáveis. Os piedosos fariseus achavam-no desajeitado e mundano, um rico e jovem advogado afastou-se sacudindo a cabeça e até mesmo o esclarecido Nicodemos procurou um encontro sob a cobertura das trevas.
Frisei para a classe como esse padrão parecia estranho, uma vez que a igreja agora atrai tipos respeitáveis que se pareciam muito com as pessoas que mais suspeitavam de Jesus na terra. O que teria acontecido para inverter o padrão existente no tempo de Jesus? Por que os pecadores não gostam de ficar ao nosso redor?" Philip Yancey, O Jesus Que eu Nunca Conheci, ed. Vida, pg.159.
05 agosto, 2009
O livre-arbítrio é quântico?
"Deus não joga dados", afirmou Einstein em réplica à idéia de que o acaso e as leis da probabilidade eram a essência do mundo atômico. Não vejo problema algum com os dados. A teoria quântica se mantém desde então, com grande sucesso. Se o átomo é melhor descrito pela estatística porque é aleatório por natureza ou se por causa de uma limitação nos nossos instrumentos de medida, eis uma questão que até onde eu sabia ninguém tinha respondido. Ontem li a página de um estatístico que garantia que a aleatoriedade intrínseca do átomo havia sido demonstrada (embora eu não acredite que o tenha sido). Enfim, o que isso tem haver com o livre-arbítrio? Acontece que se todos os processos dinâmicos e interações da natureza forem descritos por leis precisas eu não consigo imaginar como existiria o livre-arbítrio (você consegue?). Como observou Laplace certa vez:
"Uma inteligência que, num dado instante, conhecesse todas as forças de que a natureza está animada, e a situação respectiva dos seres que a compõem, se além disso fosse suficientemente vasta para submeter estes dados à análise, abarcaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do mais leve átomo: nada seria incerto para ela, e o futuro, tal como o passado, estariam presentes a seus olhos."
Essa é a única maneira de saber o futuro? Não, tem outra:
"...para um ser hipotético que vivesse além do espaço e do tempo e contemplasse o espaço-tempo, a linha de universo de cada partícula estaria completamente desenhada, representando o movimento em sua totalidade (passado, presente e futuro). Em imagens simples, a inclusão do tempo na geometria do movimento transforma o filme do movimento numa fotografia estática de idêntico conteúdo." O Tempo na Física, Revista USP N.3, Henrique Fleming.
Suponhamos que o átomo seja realmente intrinsecamente aleatório. Como se daria o livre-arbítrio? Nossas escolhas dependeriam de um sorteio atômico interno? Minha hipótese é que em parte sim. Eu estava tentando imaginar como isso ocorreria quando me veio à mente que nossas várias possibilidades de escolha poderiam ser "sorteadas" na mente num tempo curtíssimo e submetidas à razão e à vontade para que estas decidam se a acatam ou não. Isso é perfeitamente plausível. Dependendo da eficiência do sorteio, todas as possibilidades podem ser pensadas e uma escolhida (a decisão de não escolher, lembremos, também é possível).
Uma segunda pergunta me ocorreu: será que parte de nossa "inteligência", a habilidade pensar em várias possibilidades e escolher a melhor, a correta, tem haver com a eficiência e velocidade com que nosso sistema cerebral é capaz de sortear possibilidades? Será que aquela idéia que veio do nada é explicada por um sorteio acertado e súbito nos átomos que compõe as sinapses dos neurônios? Me parece razoavelmente coerente. Se o livre-arbítrio e as idéias seguem uma lógica similar a esta, Deus pregou uma peça em todos nós. Ele vê o futuro porque está fora do tempo, nós (e o diabo) só podemos dar palpites de probabilidade (o diabo melhor que nós). Mas enfim, estou só especulando...
02 agosto, 2009
Dilema de Máximos
Uma rápida idéia me veio a mente: Para seres com livre-arbítrio, quanto maior a possibilidade e intensidade de bem que se pode experimentar com a mente e os sentidos, tanto maior será a possibilidade e intensidade de mal experimentável. Caso você resolva criar um universo de criaturas inteligentes e livres você deve pensar sobre isso.
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