
"Pense num garoto de 13 anos sentado na sala de estar de sua residência estudando matemática com os fones de ouvido do walkman ligados ou então assistindo à televisão. Está usufruindo as liberdades duramente conquistadas ao longo de séculos pela aliança de gênio filosófico e do heroísmo político, consagrada pelo sangue dos mártires. Goza de conforto e de ócio, graças à economia com a maior produtividade que a história já conheceu; a ciência penetrou nos segredos da natureza para lhe proporcionar som eletrônico e reprodução de imagem que imita a vida. E, afinal, em que culminou o progresso? Uma criança púbere cujo corpo vibra com ritmos orgásmicos
1, cujos sentimentos se articulam em hinos às alegrias do onanismos ou à morte dos pais, cuja ambição é ficar famoso e rico imitando a rainha das marafonas
2, que fez a música. Resumindo, a vida se transformou numa interminável fantasia masturbatória pré-empacotada." -
Allan Bloom, O Declínio da Cultura Ocidental, p.95.
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[1] Referência ao Rock, sobre o qual ele comenta ironicamente: "não estou preocupado com efeitos morais dessa música -- se leva ao sexo, à violência ou as drogas. A questão reside nos seus efeitos sobre a educação, acreditando eu que ela destrói a imaginação dos jovens e lhes dificulta muito o interesse verdadeiro pela arte e pela reflexão" Ibidem, p.101.
[2] Creio que seja uma referência a Madonna.